Nas favelas, o drama de quem foi abandonado pelo governo

Pesquisa revela que 80% das famílias que vivem em comunidades da periferia estão sobrevivendo com menos da metade da renda que tinham antes da pandemia. E a crise vai piorar com o fim do pagamento de R$ 600 do auxílio emergencial. Guedes conseguirá proeza de aumentar desigualdade, afundar economia e aprofundar crise

Arte: Boca

O governo Jair Bolsonaro vai conseguir a proeza de ampliar a desigualdade que já vinha crescendo desde a gestão de Michel Temer e tornar o país um campeão da concentração de renda e um fosso social sem precedentes. A crise do coronavírus só vai acentuar o descaso do governo com o bem estar da maioria da população. A sensação de abandono das pessoas que vivem nas regiões mais carentes das cidades brasileiras é real. “O que Bolsonaro sujeita o povo a passar nessa pandemia não se faz”, critica Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT. “O governo não cuida dos mais pobres”.

A ex-presidenta Dilma Rousseff, durante videoconferência realizada com o deputado Jeremy Corbyn, ex-líder do Partido Trabalhista na Câmara dos Comuns do Reino Unido, na quarta-feira, 24 de junho, denunciou o descaso criminoso de Bolsonaro com o bem-estar da maioria da população. “A verdade é dura e precisa ser dita. Eu lamento vir a público para denunciar a situação a que está sendo submetida o povo brasileiro. Estamos vivendo hoje no Brasil um genocídio”, denunciou. “Bolsonaro não apenas nega a pandemia, como se recusa a pagar para as pessoas que mais precisam de renda preservarem as vidas e cuidarem de suas famílias”.

Uma pesquisa inédita, chamada “Pandemia na Favela – A realidade de 14 milhões de favelados no combate ao novo Coronavírus”, realizada pelo Data Favela, parceria do Instituto Locomotiva, da Central Única das Favelas (CUFA) e da Favela Holding, dá uma visão sobre o momento da pandemia. Cerca de 80% dos moradores de comunidades carentes perderam mais da metade da renda que tinham antes da pandemia. E 41% não conseguiu receber nenhuma parcela do auxílio emergencial. Em apenas 4%, a renda familiar de quem vive nas favelas brasileiras se manteve estável e no mesmo nível. 

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“A política de austeridade fiscal de Paulo Guedes não tem chance de dar certo. E, com a pandemia, a crise se aprofundou. Mesmo o prometido socorro às micro e pequenas empresas que geram milhões de empregos no país foi insuficiente. E o governo ainda quer cortar o auxílio emergencial que ajuda no consumo das famílias”, lamenta Gleisi. Presidente do Instituto Locomotiva e fundador do Data Favela, Renato Meirelles constata que a situação é alarmante. “Não é verdade que o vírus é democrático”, observa. “Ele pode atingir todos, mas a desigualdade social no Brasil faz com que os anticorpos dos moradores das favelas sejam diferentes dos moradores do asfalto no combate ao coronavírus”.

De acordo com a pesquisa, a preocupação de quem vive nas comunidades carentes das principais capitais brasileiras com a saúde é unanimidade. Entre os moradores das favelas, 89% estão preocupados com a saúde dos parentes mais velhos; 88% temem perder o emprego e a renda; 71% estão preocupados com a saúde dos mais jovens; e 70% estão preocupados com a própria saúde. “O pessimismo do povo está baseado na falta de políticas públicas e do esforço mínimo do governo para minimizar o impacto da crise. A política de Bolsonaro é genocida, porque não apenas ignora a pandemia, como mantém as pessoas largadas à própria sorte”, lamenta Gleisi Hoffmann.

Da Redação

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