Omissão de Bolsonaro leva a 410 mil casos e 25 mil mortos por Covid-19

Sob desgoverno e negligência de Bolsonaro, país registra, pela quarta vez, mais de mil mortes diárias por coronavírus. são 411.821 infecções, 1.086 mortes e mais de 20 mil novos casos nas últimas 24 horas. EUA vivem cenário de guerra com mais de 100 mil mortos. Mundo ainda passa pela primeira onda da pandemia, alerta OMS

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Sepultamento em São Paulo (SP)

Sob o desgoverno e negligência do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil registra, pelo quarto dia, mais de mil mortes por coronavírus. Com 411.821 infecções, 1.086 mortes e mais de 20 mil novos casos nas últimas 24 horas, o país agora contabiliza 25.598 óbitos. As mais de 100 mil vidas perdidas nos EUA, anunciadas nesta quarta-feira (27), transformaram o país em uma zona de guerra. Com 5,7 milhões de infecções no planeta, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que o pesadelo ainda está longe de terminar, com diversos países, como o Brasil, ainda no início da primeira onda da doença.

A OMS também voltou a advertir sobre os riscos de uma reabertura prematura das atividades econômicas. Em meio à pandemia do coronavírus, a agência ligada às Nações Unidas defende a adoção de um processo lento e controlado para os países em condições de relaxar as medidas de isolamento social. “A reabertura deve ser feita de modo lento e não pode ocorrer de uma vez em todo um país”, afirmou Maria van Kerkhove, epidemiologista da OMS.

Segundo o diretor-executivo do Programa de Emergências à Saúde da organização, Michael Ryan, de modo geral, o mundo ainda passa pela primeira onda da pandemia. Para que ocorra uma segunda onda, os casos da doença precisam entrar em declínio primeiro, para um nível muito baixo e retomar alguns meses depois. Não é o que não está ocorrendo, observou o especialista. Ryan citou a América do Sul, cujo maior epicentro da doença é o Brasil. Os dados  de infecções do gigante da América do Sul apontam para uma trajetória de alta.

Com 5,7 milhões de infecções no planeta, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que o pesadelo ainda está longe de terminar, com diversos países, como o Brasil, ainda no início da primeira onda da doença.. Foto: Victor Moriyama.

Longe de pensar na adoção de um relaxamento do isolamento social, o Brasil tem de lidar com um presidente negacionista e que se recusa a ouvir a ciência. Especialistas alertam que o comportamento de Jair Bolsonaro representa um perigo para o enfrentamento da pandemia no país.  Isso porque, desde o início, ele vai na direção contrária do que dizem autoridades de saúde, além de desafiar governadores que decidiram impor quarentenas em seus estados, diante da omissão governo federal.

“É uma questão que realmente está prejudicando muito o combate à epidemia do coronavírus no Brasil, na medida em que, para enfrentar uma emergência nacional em saúde, como a que estamos enfrentando, a primeira orientação da Organização Mundial da Saúde é haver uma coordenação nacional das ações a serem tomadas, de modo que você consiga uniformizar as medidas ao máximo”, observa Fernando Aith, professor do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública e do Núcleo de Pesquisa em Direito Sanitário da USP.

Em entrevista ao ‘Jornal da USP’, o professor avalia que a dificuldade de uma unificação tanto no discurso quanto na implementação de estratégias de combate à pandemia decorre principalmente pela conduta do governo federal. Nem a existência da Comissão Intergestores Tripartite, que integra o Ministério da Saúde e as secretarias estaduais e municipais de Saúde, fez alguma diferença, uma vez que Bolsonaro optou por não cooperar com estados e municípios.

“A única forma de resolver este problema é sentar na mesa e debater técnica e racionalmente, chamando diferentes atores governamentais, da sociedade e da academia, para chegar num consenso, mas, para isso, precisamos ter atores políticos dispostos ao diálogo e com base nas melhores evidências científicas”, pondera o professor.

Risco de explosão de casos em São Paulo

Os pesquisadores da USP advertem para uma explosão de casos em São Paulo caso o governo decida reabrir as atividades no estado antecipadamente. O Observatório Covid-19 BR, formado por 50 pesquisadores, fez uma simulação sobre como o estado ficaria hoje, caso nada tivesse sido feito desde o início da pandemia. As estatísticas oficiais registraram 45,5 mil casos e 3,5 mil mortes por covid-19 no município de São Paulo até 24 de maio.

Os cientistas avaliaram, no entanto, que num cenário hipotético de propagação sem controle do vírus, São Paulo poderia ter 500 mil casos e mais de 150 mil mortos. “Milhares de vidas foram salvas pelo isolamento; isso fica claro”, diz o pesquisador Roberto Kraenkel, do Instituto de Física Teórica (IFT), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), ao ‘Jornal da USP’. Daí a necessidade de manutenção do isolamento.

A modelagem dos pesquisadores indica que, sem nenhuma restrição de circulação, o vírus voltaria a se propagar imediatamente. “O número de mortes, no fim das contas, seria quase tão grande quanto se nada tivesse sido feito desde o início”, aponta a publicação da USP.  

da Redação

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