Povo nas ruas para enfrentar o racismo e a violência

“Foi nas ruas que a sociedade e o povo negro mostraram ontem a indignação com o crime racista no Carrefour”, alertou a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR). “É assim que se enfrenta propagadores do racismo e da violência”, afirmou a deputada, apontando para a mobilização popular nas ruas. “Foi assim com Trump. Agora é a vez de Bolsonaro”, disse. E convocou: “Não podemos parar de lutar”

Rogerio de Santis/Ponte.Org

Protesto na Avenida Paulista, neste sábado, em protesto pela morte de Beto Freitas, assassinado na porta do supermercado Carrefour em Porto Alegre

A explosão de manifestações ocorridas no Brasil desde sexta-feira, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, traduziram o repúdio generalizado ao brutal assassinato do negro João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, ocorrido na véspera. Espancado até a morte por seguranças do supermercado Carrefour, em Porto Alegre, na noite de quinta-feira, Beto foi sepultado neste sábado sob protestos. O povo está nas ruas cobrando justiça. Instituições e líderes politícos já manifestaram solidariedade e indignação, mas a principal reação veio das ruas de Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, além de outras cidades.

“Foi nas ruas que a sociedade e o povo negro mostraram ontem a indignação com o crime racista no Carrefour”, alertou a presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). “É assim que se enfrenta propagadores do racismo e da violência”, afirmou a parlamentar, apontando para a mobilização popular nas ruas. “Foi assim com [Donald] Trump. Agora é a vez de Bolsonaro”. E convocou: “Não podemos parar de lutar”.

Neste sábado, São Paulo amanheceu com o protesto do coletivo Arte 1, que pintou a expressão #VIDAS PRETAS IMPORTAM” no asfalto da Avenida Paulista. No mesmo local, ontem, a Marcha da Consciência Negra realizou um protesto que reuniu milhares de pessoas, retomando a ocupação das ruas da capital de São Paulo. Também neste sábado, nas ruas e em frente supermercados do Carrefour, ocorreram manifestações em Recife, Vila Velha (ES), Caxias do Sul (RS), entre outras cidades. Novas manifestações estão marcadas para o domingo e outras começam a ser convocadas para a semana que vem.

A estapafúrdia reação do governo de Jair Bolsonaro negando a existência de racismo no Brasil, em declarações do vice-presidente, General Hamilton Mourão,  e do próprio presidente na cúpula do G-20, provocou fortes reações internacionais. Em nota oficial, a ONU declarou que “a violenta morte de João Alberto, às vésperas da data em que se comemora o Dia da Consciência Negra no Brasil, é um ato que evidencia as diversas dimensões do racismo e as desigualdades encontradas na estrutura social brasileira”. O movimento mundial #BlackLivesMatter aderiu aos protestos no Brasil contra o assassinato, advertindo para a impropriedade da avaliação das autoridades brasileiras.

Os protestos sinalizam a indignação dos trabalhadores contra a agenda neoliberal, que está ampliando as desigualdades e promovendo arrocho ao povo, ao impor sua política de exploração econômica e exclusão social dos mais pobres. “Esse é o mercado, tão defendido pela direita, pelos liberais e por aqueles que jogam nesse time, mas se pretendem de ‘centro'”, adverte Gleisi. “Hoje, Bolsonaro e esse pessoal governa para eles”, criticou. Com o fim dos programas de auxílio emergencial de R$ 300 – metade do que era pago até o começo de agosto e que serão suspensos a partir de janeiro de 2021 – os negros serão os mais atingidos com o desemprego.

O Brasil é agora uma panela de pressão, sob a mais brutal agenda econômica que está permitindo abrir um fosso social entre ricos e pobres, permitindo aos que estão no topo da pirâmide social concentraram mais renda, mesmo em um período crítico da vida nacional provada pela pandemia do Covid-19. A economia brasileira já encolheu 11,9% no segundo trimestre de 2020 em relação ao mesmo período no ano passado. Ao mesmo tempo, já são mais de 14 milhões o número de trabalhadores desempregados, enquanto 40 milhões estão na informalidade.

Da Redação

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