Reunião ministerial confirma total abandono do povo por Bolsonaro

Em festival de desvarios proferidos na reunião conduzida por Bolsonaro no dia 22 de abril, presidente e ministros ignoram gravidade da crise sanitária e não discutem estratégias para salvas vidas. País caminha para ter meio milhão de casos e mais de 30 mil mortes nas próximas semanas

Arte: Fozie

A reunião ministerial do dia 22 de abril, vazada na sexta-feira (23), já se tornou histórica pelo festival de sandices, impropérios e desvarios desfiados pelo presidente Jair Bolsonaro e integrantes de sua equipe em pouco mais de duas horas. Da criminosa sugestão da prisão de prefeitos, governadores e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a incitações à guerra civil com a liberação de armas à população,  passando por uma “baciada” de desregulamentação dos mecanismos de proteção ambiental na Amazônia e a privatização do Banco do Brasil, de tudo se falou, menos do mais importante: ações e estratégias para combater a pandemia do coronavírus no Brasil e salvar vidas.

No dia 22, o Brasil contabilizava 46 mil casos de Covid-19 e 2.924 mortes em decorrência da doença, um quadro já alarmante do que estava por vir. Como rigorosamente nada foi feito, em pouco mais de um mês, a inércia e negligência do governo resultaram em mais de 365 mil casos e 22.746 mortos. Os dados representam quase oito vezes o número de doentes e sete vezes o número de mortos registrados em abril. 16 dos 26 estados e o Distrito Federal encontram-se em situação de emergência, com mais de 50% de incidência da doença. Com a epidemia totalmente descontrolada avançando pelas cidades brasileiras, o país pode chegar a meio milhão de casos e 30 mil mortes nas próxima semanas.

“Revendo a reunião ministerial de Bolsonaro, recheada de palavrões, ameaças e agressões, conclui-se que vão aproveitar a pandemia para armar a população, liberar o jogo, ferrar com o meio ambiente e privatizar o Banco do Brasil”, criticou a deputada federal e presidenta do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann (PR). “Evitar mortes e cuidar do emprego do povo não é prioridade”, afirmou. “Na reunião ministerial, nenhuma palavra sobre combater a pandemia”, acusou o líder da bancada do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE). “Apenas um presidente preocupado com seus crimes e de sua família,  ministros se aproveitando da pandemia para destruir o meio ambiente, prender opositores e perseguir instituições”, observou.

O único que demonstrou alguma preocupação com a propagação da doença foi o ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, que falou brevemente sobre a pandemia. Na reunião, Teich alertou que se o governo”não mostrar para a sociedade que tem o controle da doença, da saída dela, qualquer tentativa econômica vai ser ruim”. Os outros participantes fizeram referência ao Covid-19 genericamente ou para reforçar teses como o fim do isolamento social.

Teich também ressaltou a importância da apresentação de um plano para uma reabertura das atividades. “Não é que vá sair amanhã, mas a gente tem que ter um planejamento. Porque aí a gente realmente mostra que a situação tá na nossa mão. Pode ser que demore um pouco, mas a gente tá controlando esse processo, que a gente não tá sendo um barco à deriva”, afirmou o ex-ministro. Um mês depois, a saída de Teich confirma que, sob o desgoverno de Bolsonaro, o Brasil nunca deixou de ser um barco à deriva, sem comando, perdido nas águas da pandemia.

Bolsonaro aproveitou a oportunidade para xingar governadores e o prefeito de Manaus, usando palavras de baixo calão. E só fez referência direta à doença quando criticou a Polícia Rodoviária Federa, que divulgou nota sobre a morte de um patrulheiro por Covid-19 sem mencionar que era possuía comorbidade.

“Ali na nota dele só saiu Codiv-19 (sic). Então vamos alertar a quem de direito, ao respectivo ministério, pode botar Codiv- 19 (sic), mas bota também tinha fibrose … montão de coisa, eu não entendo desse negócio não. Tinha um montão de coisa lá, pra exatamente não levar o medo à população. Porque a gente olha, morreu um sargento do Exército, por exemplo. A princípio é um cara que tá bem de saúde, né? Um policial federal, né? Seja lá o que for, e isso daí não pode acontecer. Então a gente pede esse cuidado com o colegas, tá? A quem de direito, ao respectivo ministério, que tem alguém encarregado disso, né?”, disse.

O presidente aparentemente esqueceu-se de que a doença também está matando pessoas saudáveis e jovens, que foram, de modo equivocado, consideradas fora dos grupos de risco no início da pandemia.  E voltou a insistir na tese fantasiosa de que, por ter “porte de atleta”, não corre risco de ser contaminado pelo coronavírus.

Da Redação

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