TVPT | Confira o que rolou no debate “A luta por território, vida e meio ambiente” do Elas Por Elas

Anne Moura recebeu as representantes do movimento quilombola, MST e das trabalhadoras rurais e agricultoras

Da Redação, Agência Todas

Racismo estrutural, violência política contra os povos originários e conflitos no campo estiveram na pauta do programa Elas Por Elas, da TVPT. Realizado nesta quinta-feira, em transmissão ao vivo pelo youtube, o programa recebeu as convidadas Ceres Hadich, Movimento dos Trabalhadores Rurais – MST; Givania Silva, Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas,CONAQ; e Mazé Morais, Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares, CONTAG. 

Com a mediação de Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT, o programa Elas Por Elas é transmitido toda quinta-feira, às 14h, na TVPT, o canal de youtube do PT. Nesta semana, Givania Silva abriu a roda de debates denunciando o racismo estrutural que permeia todas as lutas sociais em solo brasileiro. 

 

“Não dá para falar de combater o fascismo sem falar de racismo, não dá pra falar de agroecologia sem falar de racismo. O racismo não tira férias, nem tem feriado, e está presente diuturnamente na vida das pessoas”, pontuou Givania. 

A coordenadora do CONAQ apontou os desafios de combater a Covid-19 diante das adversidades que os povos originários enfrentam todos os dias — como a falta de acesso à informação, à internet, à água encanada, à saneamento e outros direitos que são negados — que também fazem parte da realidade dos quilombos. Givania denunciou a retirada dos programas de saúde, a escalada de violência contra os quilombolas e a vulnerabilidade que eles são expostos por falta de política pública para combater a pandemia, principalmente entre os mais pobres. 

Essa realidade é compartilhada também com as mulheres trabalhadoras rurais e agricultoras familiares — enquanto o projeto do agronegócio avança sobre os territórios e ameaçam as vidas dos povos originários e das comunidades.

 

“Bolsonaro se elegeu com o discurso da violação de direitos e as pessoas se sentem autorizadas a violentarem. Exemplo disso é o garimpo e a grilagem avançando absurdamente sobre as terras amazônicas”, pontuou Mazé. 

Anne Moura trouxe os dados do relatório da Comissão Pastoral da Terra revelando que os conflitos no campo são o maiores no últimos 10 anos. Foram 1833 ocorrências e 32 assassinatos.“Todos os dias lutadores e lutadoras pela terra são mortos. E a mídia não fala sobre isso. Essa violência política não aparece na TV”, afirmou Anne.  

Essa violência política para negar direitos, legitimada pelo governo bolsonaro, acontece em duas frentes principais, explicou Ceres Hadich, do MST. A primeira é o aumento da violência formal e institucionalizada com o uso do aparato estatal e das instituições; a outra é a crescente violência informalizada “como a volta dos jagunços e da milícia armada no campo e na cidade autorizados a matar os povos cada vez”, reforçou Ceres. 

A crise no sistema capitalista é estrutural, portanto é uma crise cultural, econômica, política e de valores — e não apenas resultado da pandemia. E, uma vez ameaçado, o sistema se coloca cada vez mais agressivo e mais violento. Para enfrentar a realidade e criar saídas, a representante do MST reforçou que o caminho é a luta pela terra. 

Para isso, o MST lançou o plano emergencial de reforma agrária que atua em quatro frentes: a luta pela terra (legalização, reforma agrária); a produção de alimentos saudáveis para o povo brasileiro (a fome é uma violência); cuidado com o meio ambiente – mudar a lógica do uso inadequado e irracional dos recursos naturais; e garantir a vida digna para a população — enfrentar todos os tipos de violência. 

 

Elas Por Elas campos, águas e floresta

Para organizar a resistência política diante das realidades das mulheres trabalhadoras do campo, agricultoras familiares, ribeirinhas, quilombolas, indígenas, em suas diversidades e pautas específicas, o projeto Elas Por Elas vem atuando de forma intensa em formação política, capacitação e acompanhamento para que elas ocupem espaços na política e sejam linhas de frente de elaboração de políticas públicas. 

“Muitas mulheres já são lideranças em suas comunidades e exercem um papel fundamental na luta por direitos. Nosso papel é dar condições para que elas possam dar esse salto e ocupar o espaço que legitimamente pertence a elas na política”, explica Anne Moura. 

O objetivo do Elas Por Elas Campos, Águas e Floresta é, principalmente, garantir formação política voltada para as necessidades e as lutas concretas que essas mulheres enfrentam todos os dias; e estimular a inscrição de candidaturas para as eleições e a participação legítima dessas lutadoras na ocupação de cargos públicos. 

“Queremos cada vez mais mulheres diversas e orgânicas participando do processo eleitoral e com a representatividade que o país precisa para resgatar a força da democracia”, finalizou Anne. 

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