Bolsonaro fala de máscaras para esconder “mamata da cloroquina”

Após jornal mostrar que Bolsonaro atuou para ajudar amigos a venderem mais cloroquina, ele pregou o fim da obrigatoriedade das máscaras para vacinados e infectados. “Cortina de fumaça”, diz Padilha

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Acuado pela CPI, Bolsonaro tenta desviar o foco

Após ser divulgado que a CPI da Covid reuniu indícios de que a apaixonada defesa que faz da cloroquina serve para beneficiar empresários amigos, Jair Bolsonaro saiu-se, na quinta-feira (10), com mais um de seus absurdos, numa clara tentativa de desviar a atenção. Horas depois de o jornal O Globo publicar prova de que o atual presidente agiu para que companhias comandadas por aliados pudessem fabricar e vender hidroxicloroquina, ele anunciou que seu ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, preparava parecer para desobrigar o uso de máscaras para quem foi vacinado ou contraiu o novo coronavírus.

A artimanha foi logo decifrada. “Lei é para se cumprir. Caso Bolsonaro queira fazer uma cortina de fumaça em um dia que a CPI pediu quebra de sigilo atrás da mamata da cloroquina, continuaremos a defender a lei e as vidas. Viu, genocida?”, escreveu no Twitter o deputado federal e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP), referindo-se ao fato de que os senadores aprovaram a quebra de sigilo telefônico e telemático de figuras centrais do governo federal ou próximas do atual presidente.

No início da sessão da CPI da Covid nesta sexta-feira (11), o relator do inquérito, Renan Calheiros (MDB-AL), apontou o mesmo que Padilha. “Ontem, depois de ser pego fazendo lobby para empresa privada, pela cloroquina, ele ataca a máscara, como a querer mudar de assunto”, explicou o senador, que comparou Bolsonaro a Jim Jones, fundador de uma seita que conduziu quase mil fiéis ao suicídio no fim dos anos 1970, nos Estados Unidos. “A diferença é que o americano induziu ao suicídio. E o que está na Presidência da República do Brasil induz à continuidade desta tragédia e deste morticínio. Isso não pode continuar a acontecer”, defendeu Calheiros.

Espalhando confusão

Em mais uma evidência de que se trata apenas de uma nova cortina de fumaça, na manhã desta sexta-feira Bolsonaro recuou e disse que a decisão sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras caberá ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e a governadores e prefeitos. Demonstra assim que jogava palavras ao vento, pois não havia se esquecido de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo a qual estados e municípios têm poder igual ao governo federal no estabelecimento de ações de controle da pandemia. Mas ele não perdeu a chance de repetir mais uma de suas mentiras. “Eu não apito nada, né? Segundo o Supremo, quem manda são eles (governadores e prefeitos)”. O próprio STF já desmentiu Bolsonaro sobre esta questão, afirmando que o controle da pandemia cabe aos três entes federativos.

O grande problema é que, ao dar declarações assim, Bolsonaro não só desvia o foco de seus malfeitos como também espalha a desinformação e deixa os brasileiros ainda mais vulneráveis ao vírus. Como disse o governador do Piauí e presidente do Fórum Nacional de Governadores, Wellignton Dias (PT), o atual presidente age como quem sugere jogar querosene no incêndio que todos tentam combater.

“Pelo Fórum dos Governadores do Brasil, estamos mantendo a posição de seguir a ciência. E, seguindo a ciência, é o uso da máscara mesmo para quem já tomou a segunda dose da vacina. Lembre-se que temos, aqui, uma medida para a sua proteção e a proteção das outras pessoas. Nós temos ainda alta transmissibilidade, elevado número de internação, de óbitos. E mais: a gente tem 75% ou mais das pessoas que ainda não tomaram nem a primeira dose. Nós temos de ir atrás é de vacina. Neste instante, uma declaração como essa, é como estarmos no meio de um incêndio de grandes proporções em um país, todo mundo trabalhando para apagar esse incêndio, e chega alguém e diz: ‘Joga querosene’. E isso é mais grave quando dito pelo presidente deste país”, afirmou Dias.

Ao gerar confusão, Bolsonaro também mantém viva sua estratégia negacionista, que busca ampliar a contaminação entre a população, perseguindo a imunidade de rebanho sem vacina. “A teoria de que o Governo Federal tinha intenção de realizar a imunização de rebanho ganha mais força. Bolsonaro pede para Ministério da Saúde a desobrigação do uso de máscara para aqueles que já se vacinaram ou pegaram Covid, mesmo a reinfecção sendo uma realidade. Não é ignorância, é projeto”, afirmou a deputada federal Marilia Arraes (PT-PE).

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Da Redação

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