Bolsonaro passa vexame no velório da rainha, e mídia estrangeira não perdoa

Coligação que apoia Lula aciona TSE para impedir que imagens, feitas às custas do dinheiro público, sejam usadas na campanha do atual presidente

João Montanaro

Charge: João Montanaro

Passados quase quatro anos de Jair Bolsonaro na Presidência, o Brasil e o mundo já perceberam que, quando se trata do ex-capitão, sempre é possível esperar que ele baixe ainda mais o nível de suas falas e ações.

Pois foi o que ele fez ao viajar à Inglaterra, para o funeral da rainha Elizabeth II. Ao se comportar de maneira completamente incivilizada e transformar a visita em um palanque eleitoral repleto de mentiras e grosserias, Bolsonaro isolou ele mesmo e o Brasil ainda mais.

A pior cena, sem dúvida, foi o minicomício que ele fez, no domingo (18), em frente à Embaixada do Brasil em Londres para um grupelho de seguidores raivosos, mal educados e barulhentos, que não demonstraram respeito algum pelo momento de luto que os ingleses e as inglesas vivem. Essa mesma turba, segundo o G1, xingou um cidadão que inglês que passou ali e pediu respeito pela morte da rainha.

No seu palanque montado na embaixada, às custas do dinheiro público, Bolsonaro posou de defensor da moral (mesmo com rachadinhas, ligação com milícias e imóveis adquiridos com dinheiro vivo) e da família (mesmo deixando 79% delas endividadas e com dificuldade de comprar alimentos).

E ainda espalhou uma de suas mentiras. Disse que não há como ele não vencer as eleições no primeiro turno. As pesquisas todas apontam o contrário: que ele tem chances reais de ser derrotado no primeiro turno por Lula.

Depois, ele gravou um vídeo mostrando o preço da gasolina em Londres e, ao fazer a conversão, descobriu que o litro lá custa o equivalente a R$ 9. O que não contou é que isso mostra que o real está desvalorizado por culpa dele e que o salário mínimo (que no governo dele não teve ganho real nenhum) é R$ 9 mil na Inglaterra.

Por fim, já, nesta segunda-feira (19), ele se irritou quando jornalistas brasileiros perguntaram se ele esperava que a viagem interferisse nas eleições brasileiras. Na maior cara de pau, fingiu-se indignado e, antes de encerrar a entrevista, disse: “Você acha que eu vim aqui fazer política?”

Como todo esse show de horrores está sendo pago com dinheiro público, a Coligação Brasil da Esperança, formada por PT, PV, PCdoB, PSOL, REDE, PSB, Solidariedade, Avante, Agir e Pros, entrou com representação junto ao TSE para que Bolsonaro e sua campanha sejam impedidos de promover ou usar como propaganda eleitoral qualquer vídeo, fotografia ou material gráfico produzido durante a viagem (leia nota abaixo).

Mico na imprensa internacional

Além de dinheiro, o povo brasileiro ainda tem que pagar a conta da vergonha. A imprensa estrangeira não poupou palavras para descrever o comportamento daquele que hoje tem o cargo de presidente do nosso país.

A agência Reuters desmentiu a fala de Bolsonaro no palanque da embaixada ressaltando que “ele está atrás nas pesquisas de opinião de seu rival de esquerda, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.

Já a Associated Press disse claramente que “o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, levou sua campanha de reeleição para a estrada, fazendo um discurso de campanha ao ar livre no domingo em Londres, onde ele veio para assistir ao funeral da rainha Elizabeth II”.

O jornal britânico The Guardian relata que “o populista” Jair Bolsonaro usa visita a Londres para funeral da rainha como “propaganda eleitoral”, “apesar do momento de luto”.

O francês La Croix mostra Bolsonaro entre alguns dos convidados definidos como “perturbadores”. E, na Argentina, o Página 12 também destaca o comportamento do mandatário brasileiro, dizendo que ele se posicionou contra o aborto e a “ideologia de gênero”.

O jornal argentino cita ainda o que Lula disse no fim de semana sobre a ida de Bolsonaro a Londres: “Seria mais louvável se ele tivesse ido ao velório de alguma família que perdeu alguém para a Covid no Brasil”.

Leia a nota da Coligação Brasil da Esperança

A Coligação Brasil da Esperança, do candidato Luiz Inácio Lula da Silva, entrou neste domingo (18/9) com representação junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo que Jair Bolsonaro e sua campanha sejam impedidos de promover ou usar como propaganda eleitoral qualquer vídeo, fotografia ou material gráfico produzido durante a viagem oficial de Bolsonaro a Londres, para supostamente participar do velório da Rainha Elizabeth II.

Os advogados da Coligação Brasil da Esperança também pedem que sejam removidos links das redes sociais de Bolsonaro, de seu vice, Walter Braga Netto, e de outros atores políticos que estão usando imagens e o discurso de Bolsonaro como candidato em Londres para fins eleitorais. Por fim, pedem a aplicação de multa de R$ 25 mil, valor máximo previsto pela legislação eleitoral, para Bolsonaro.

“Desde sua chegada a Londres, percebe-se que Bolsonaro confunde as figuras de presidente da República com a de candidato à reeleição, sequestrando atos oficiais da República brasileira para fazer campanha eleitoral, o que é absolutamente irregular”, afirmam os advogados da chapa Lula/Alckmin na representação.

Ao chegar em Londres, Bolsonaro chegou a usar a sacada da embaixada brasileira para discursar como candidato. “A fala de Bolsonaro demonstra o cunho eleitoral do discurso realizado no contexto de viagem oficial do Estado Brasileiro, que em nada poderia se confundir com sua campanha à reeleição. Em pleno solo britânico, ele ofendeu o luto daquela nação para ficar discursando sobre suas pautas e bandeiras”, apontam os advogados Eugênio Aragão e Cristiano Zanin Martins, na representação.

A peça jurídica destaca ainda que as companhias de Bolsonaro na viagem a Londres foram, entre outros, os filhos Flávio Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro, além do pastor Silas Malafaia e de Fabio Wajngarten. “Eles não possuem qualquer relação com a representação oficial do Estado brasileiro, mas têm atuação direta na campanha à reeleição”, frisaram os advogados.

A Coligação Brasil da Esperança é formada pelos partidos PT, PV, PCdob, PSOL, REDE, PSB, Solidariedade, Avante, Agir e Pros.

Aragão e Ferraro Advogados

Zanin Martins Advogados

Da Redação

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