Economia derrete e Guedes continua a vender ilusões. Retomada está longe de acontecer

Itaú aponta que apenas 4 de 14 setores da economia nacional reagem, apesar da crise sanitária do Covid-19 e da política de arrocho fiscal a qualquer preço do Palácio do Planalto. Indústria automotiva, transportes, turismo, lazer e eventos estão afundados em problemas. E o pior da crise deve chegar em janeiro, quando acaba auxílio emergencial e perda de renda será dramática para 65 milhões de pessoas

Charge: Aroeira

Passados oito meses da crise sanitária, provocada pelo Covid-19, a economia brasileira continua afundada, em meio às ilusões vendidas pelo ministro Paulo Guedes, omisso quanto a apresentação de soluções e paralisado pela falta de ideias. As dificuldades se acumulam com amplos setores da sociedade brasileira em fragilidade extrema pela falta de renda e emprego.

A previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) é que a economia brasileira em 2021 deve cair pelo menos 5,8%. O cenário social, contudo, é o que mais preocupa, porque a tendência é de piora. Até o FMI diz que chegou a hora de o Brasil taxar mais ricos para lidar com aumento da dívida no pós-pandemia.

O senador Jaques Wagner (PT-BA) acusa Guedes e Bolsonaro de jogarem contra o país por conta de cegueira ideológica e o dogmatismo. “O fanatismo do ministro da Economia pelo neoliberalismo está batendo com a cara na parede”, aponta. “O relatório do FMI contradita tudo o que pregam. O documento diz que é preciso cobrar mais imposto de quem tem muito para poder financiar a retomada da economia”.

O alerta de Wagner é natural, porque a desigualdade cresceu na pandemia e o Brasil é dos poucos países do mundo – o outro é a Estônia – que não tributa lucros e dividendos distribuídos aos empresários e acionistas, ampliando o fosso social entre ricos e pobres. A isenção é fruto da política neoliberal adotada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 1995. A crise social, que já é grave, tende a piorar.

O número de desempregados, que chegou a 14,1%, deve crescer nos próximos meses, mas o pior problema é a perda de renda, que pode atingir 65 milhões de pessoas a partir de janeiro do próximo ano, quando cessam os pagamentos do auxílio emergencial pelo governo federal. Atualmente, 74 milhões de pessoas estão fora do mercado de trabalho.

Jaques Wagner (PT-BA): “O fanatismo do ministro da Economia pelo neoliberalismo está batendo com a cara na parede”

Fora o pouco caso do Planalto para o drama de micro e pequenos empresários, que patinam sem dinheiro nem acesso a crédito. Enquanto isso, Paulo Guedes insiste numa política fiscal de arrocho a qualquer custo, que impede gastos sociais em saúde e educação e que diminui ainda mais os investimentos públicos a partir do ano que vem.

Crise geral

Nesta quarta-feira, 14 de outubro, o banco Itaú Unibanco divulgou um estudo, publicado no Estadão, mostrando apenas 4 dos 14 setores analisados da economia brasileira conseguiram superar a freada brusca gerada pela pandemia no nível de atividade. Apenas o agronegócio, algumas áreas da construção civil, o setor de alimentos e nichos que operam com tecnologia, como os aplicativos de entrega e empresas de vendas online, convivem com demanda acima ou similar às registradas no início do primeiro trimestre – antes, portanto, da adoção de medidas de restrição.

De acordo com o retrato do Itaú Unibanco, muitos setores importantes da economia, como indústria automotiva, transportes urbano e aéreo, turismo, lazer e eventos estão afundados em problemas, com enormes dificuldades. Alguns setores, como de automóveis, devem demorar até 5 anos para retomar o nível da atividade de 2019, quando o país obteve um pibinho de 1% e a venda de carros já não vinha a todo vapor como nos tempos dos governos Lula e Dilma.

O líder da Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), alerta para a profundidade da crise brasileira, em função do recuo da economia na região. “A América Latina passará pela crise mais profunda dos últimos 100 anos, com contração regional estimada do PIB de 9,1%”, alerta, citando o dado levantado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

Da Redação

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