Queiroga admite dificuldade para fornecer segunda dose da vacina

Ao Senado, ministro reconhece que não estão na lista do governo as vacinas ainda não aprovadas pela Anvisa. Na Bahia, Bolsonaro volta a ameaçar governadores. CPI será instalada nesta terça-feira (27)

Rafaela Feliciano

Marcelo Queiroga

Em meio ao agravamento da pandemia, que neste final de semana totalizou quase 395 mil mortos e mais de 14,5 milhões de infectados no país, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, buscou responsabilizar estados e municípios por problemas na entrega de vacinas pelo governo federal. Ele negou que o Ministério da Saúde tenha reduzido o número de doses, mas admitiu que o governo enfrenta dificuldades para administrar a segunda dose da vacina.

Queiroga compareceu à sessão da Comissão Temporária da Covid no Senado e admitiu que o governo excluiu da lista de imunizantes a serem entregues aquelas ainda não autorizadas pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). A ida ao Congresso ocorre um dia antes do Senado instalar a CPI da Covid. O senador Humberto Costa (PT-PE), que integra a comissão, reiterou as críticas ao governo. “Isso mostra o absoluto desprezo, falta de planejamento, menoscabo com que essa tragédia vem sendo tratada por Jair Bolsonaro”, disse o parlamentar.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE), suplente da CPI, voltou a  acusar o presidente da República de ter atuado de maneira deliberada para ampliar o contágio da população como forma de estimular uma “imunidade de rebanho”. “Na CPI, pretendemos apontar que o presidente sistematicamente expôs o povo à morte para cumprir essa tese”, lembrou o parlamentar, em entrevista ao jornalista Leonardo Sakamoto, do UOL. Queiroga disse no Senado que o Brasil não precisa de “polêmica” e que é necessário “passar uma mensagem harmônica à sociedade”.

Na Bahia, o presidente Jair Bolsonaro voltou a ameaçar o uso do Exército contra os governadores que vêm recomendando medidas de distanciamento social. “Estão seguindo o artigo 5º da Constituição? Está sendo respeitado o direito de ir e vir, o direito de a pessoa ter um emprego, ocupar o tempo para exercitar a sua fé? É só ver se isso está sendo respeitado ou não”, disse em Conceição do Jacuípe, a 102 km de Salvador). Ele lembrou que o papel das Forças Armadas é garantir o cumprimento da Constituição.

Na audiência pública no Senado, o ministro também criticou administradores de estados e municípios. “A aplicação da segunda dose tem sido um pedido de governadores e prefeitos e agora, em face do retardo de insumo vindo da China ao Instituto Butantan, há uma dificuldade na aplicação desta dose”, declarou. “Se nós respeitássemos o nosso Plano Nacional de Imunização, iria melhor. Ocorre que há a inclusão de um grupo (prioritário) ou outro e isso termina por alterar a harmonia do programa e atrapalha o nosso processo de vacinação”.

A comissão sabatina o ministro sobre o PNI, que tem sofrido com as constantes mudanças nos prazos de vacinação contra o novo coronavírus estipulados pela própria pasta. Após ser questionado pelos senadores sobre as constantes mudanças nos prazos de entrega dos imunizantes contra a Covid-19, Queiroga jurou que o ministério não reduziu as metas de vacinação. “O que nós fizemos foi retirar o calendário anteriormente colocado daquelas vacinas que estavam sem aprovação da Anvisa”, admitiu.

Com relação à disponibilidade de vacinas à população, o ministro reclamou da imprensa. “O Brasil é o quinto país que mais distribui doses de vacinas e ficam as pessoas aí na mídia criticando o tempo inteiro a campanha nacional de imunização, passando uma mensagem desencontrada para a sociedade brasileira”, desabafou. Ele também se defendeu das críticas que sofreu quando o ministério divulgou nota técnica sobre a racionalização do uso do oxigênio hospitalar. Queiroga criticou a divulgação “incorreta” do documento.

Sobre o relacionamento do Brasil com as organizações multilateriais do sistema das Nações Unidas e, em especial, a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ministro garantiu que o governo mantém a “melhor relação possível”. “Inclusive, o presidente (sic) Tedros Adhanom – (diretor geral da OMS), em sua conta no Twitter, já publicou a excelente relação que tem comigo e com o embaixador Carlos França. E essa relação não é comigo e nem com o diplomata, mas com o nosso país, o Brasil”, declarou.

Do PT no Senado

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