Artigo: As fake news e a política
Artigo de Edneide Arruda Edneide Arruda, Secretaria de Mulheres do PT/DF, comenta e analisa o andamento do combate às fake news no Congresso Nacional
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Está na Câmara dos(as) Deputados(as), o texto-base do PL 2630/2020, do senador Ângelo Coronel (PSD/BA), que visa combater a disseminação das fake news (notícia falsa) nas redes sociais. De autoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania/SE), o Projeto de Lei, que institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet – já apelidado de “PL das Fake News” -, foi aprovado pelo Senado Federal, no último dia de junho, em sessão remota, depois de adiamentos e debates.
Decerto que o teor do projeto aprovado no Senado não é uma unanimidade e, por isso mesmo, requer um debate aprofundado. Se de um lado, parlamentares festejam sua aprovação; de outro, ativistas acusam o projeto de conter regras prejudiciais à privacidade, à proteção de dados, ao acesso à internet, à transparência e à liberdade de expressão.
Ao que indica a conjuntura atual, a Câmara não terá como fugir de debate tão crucial para a democracia brasileira. Em junho, pesquisa realizada pelo Ibope revelou que 90% dos(as) brasileiros(as) são a favor da existência de uma lei que combata as fake news nas redes sociais (Terra, 2020).
No início de junho, a rede social Facebook anunciou ter removido uma série de contas falsas por violação às normas da plataforma. Segundo reportagem de Congresso Em Foco (08.07.2020), as contas são ligadas ao gabinete do presidente da República, Jair Bolsonaro, e de seus filhos Flávio Bolsonaro (senador pelo Republicanos/RJ) e Eduardo Bolsonaro (deputado federal pelo PSL/SP).
Em nota, o diretor de Cibersegurança do Facebook, Nathaniel Gleicher, afirmou: “Identificamos essa atividade como parte de nossas investigações sobre comportamento inautêntico coordenado no Brasil a partir de notícias na imprensa e referências durante audiência no Congresso brasileiro. Ainda que as pessoas por trás dessa atividade tentassem ocultar suas identidades e coordenação, nossa investigação encontrou ligações a pessoas associadas ao Partido Social Liberal (PSL) e a alguns dos funcionários nos gabinetes de Anderson Moraes, Alana Passos, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro” (Facebook, 2020).
Em junho, pesquisa realizada pelo Ibope revelou que 90% dos(as) brasileiros(as) são a favor da existência de uma lei que combata as fakenews nas redes sociais (Terra, 2020).No mesmo mês, reportagem da agência Globo (2020) noticiou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) estaria no encalço de ativistas antidemocráticos que fazem ataques ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF), tendo rastreado o caminho do dinheiro que financia manifestações antidemocráticas, bem como parlamentares que estariam usando dinheiro público para divulgar os atos em redes sociais.
De acordo com O Globo (Idem), usando cotas parlamentares a que têm direito, os(as) deputados(as) federais Bia Kicis (DF), Guiga Peixoto (SP), Aline Sleutjes (PR) e General Girão (RN), repassaram R$ 30,3 mil para a InclutechTecnlogia, empresa de Sérgio Lima, responsável por cuidar da marca do Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro está criando.
As investigações revelam que a ativista Sara Giromini e seu grupo ‘300 pelo Brasil’ arrecadaram R$ 10 mil, coincidentemente às vésperas dos ataques antidemocráticos ao prédio do STF. Para a PGR, sites bolsonaristas faturaram verbas públicas para transmitir discursos do presidente durante atos contra a democracia.
Também em junho, reportagens veiculadas em vários veículos noticiaram que aComissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, criada em 2019, pelo Congresso Nacional para investigar a produção e disseminação de notícias falsas na internet, revelou, em relatório, ter identificado nada menos que 2,065 milhões de anúncios, pagos com verba pública da Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Estes anúncios foram encontrados em sites, canais de YouTube e aplicativos de celular (Metrópoles, 2020).
Atentas a toda esta movimentação, as deputadas federais petistas Maria do Rosário (RS) e Luizianne Lins (CE) apresentaram Projeto de Lei (PL 2854/2020) que visa impedir a monetarização (obtenção de receitas) de sites e canais na internet que disseminem notícias falsas ou sem comprovação científica sobre tratamento de saúde relativos à Covid-19 ou ainda conteúdo de ódio ou de preconceito racial, misógino, religioso, de LGBTfobia e xenofobia(PTCâmara,2020). O projeto estende igual proibição a sítios eletrônicos ou aplicações na internet com apologia ao regime militar ou à extinção de poderes da República.
Conceito e funcionamento de fake news
Termo que representa uma prática muito antiga, as fakenews podem ser conceituadas, de forma genérica como “se fosse contar uma mentira com algum objetivo, nada mais que uma calúnia, um boato ou uma difamação”, conforme o site Descomplica (2019).
Sem precisão sobre o período histórico em que esse termo passou a ser usado, o site o associa a outro termo, também muito presente nos dias atuais, a pós-verdade (post truth), usado, pela primeira vez, em 1992, pelo dramaturgo sérvio-americano Steve Tesich, em referência a uma situação na qual apelos à emoção e às crenças pessoais são mais capazes de influenciar opiniões do que fatos objetivos. Trata-se de crença maior naquilo que um(a) familiar, um(a) amigo(a) ou ídolo fala, do que o que veiculam os tradicionais meios de comunicação.
O advento da Internet e de suas ferramentas tem impulsionado a produção de conteúdo com mais liberdade de comunicação e sua veiculação com muito mais rapidez. Neste novo universo, as fakenews se proliferam com sucesso impressionante, afirmando suas pós-verdades, e causando enormes prejuízos à ciência, à política, à educação, ao conhecimento e até mesmo à própria vida.
É que outro fenômeno do mundo digital se une às fakenews e às pós-verdades: são as “bolhas virtuais”, ambiente onde se escondem pessoas que, cultuando suas crenças e afetos, podem escolher por afinidades outras pessoas com as quais desejam se comunicar. Assim, fechadas em bolhas e duvidando da mais nítida realidade,passam a evitam qualquer opinião contrária às suas, pois, a “verdade” do círculo em que vivem já lhes basta.
Não sabem estas pessoas que a mensagem que acabam de receber de um(a) amigo(a), familiar ou vizinho(a), pode não passar de desinformação, manipulação, adulteração de fatos ou de uma simples piada. Descomplica (2020) mostra que, na tentativa de contribuir com este debate, a jornalista Claire Wardle, tenta agrupar as fakenews em sete categorias, a seguir, expostas:
Sátira ou paródia: não possui intenção de causar mal, mas tem potencial de enganar;
Falsa conexão: quando imagens, títulos e legendas dão falsas dicas do que realmente é o conteúdo;
Conteúdo enganoso: utilização enganosa de uma informação contra um assunto ou uma pessoa;
Falso contexto: conteúdo original compartilhado em um contexto falso;
Conteúdo impostor: quando afirmações falsas são atribuídas a fontes reais, geralmente pessoas;
Conteúdo manipulado: informação verdadeira manipulada para enganar;
Conteúdo fabricado: conteúdo completamente falso com o objetivo de gerar desinformação e causar algum mal.
Para entender como as fakenews se expandem com tanta rapidez, é importante saber que para propagar produtos e sugerir páginas e pessoas a serem seguidas, curtidas e compartilhadas, as redes fazem uso de regras matemáticas. Assim, fazem um inventário para saber o que os(as) internautas gostam, curtem, compartilham, quem seguem etc. Com estes dados, as redes indicam amigos(as) e produtos de consumo.
O mesmo tipo de inventário é feito para determinar a disseminação de notícias falsas, compradas, encomendadas ou fabricadas, e são espalhadas por uma determinada empresa que, usando robôs e bots (serviço automático), fazem chegar a milhões de pessoas uma mentira ou piada a respeito de um(a) candidato(a), um governo, uma autoridade, uma lei.
As fake news na política
Nos últimos tempos, as fakenews ocuparam a agenda do mundo, com incômoda presença em áreas fundamentais,tais como sociedade, migração, guerra, economia, futebol, mundo artístico, saúde e política.
Em palestra (YouTube, 2018) sobre as fakenews, a jornalista Cláudia Croitor, editora-executiva do portal G1, recorda que em 2014, Fabiane Maria de Jesus, de apenas 33 anos, foi linchada pelos vizinhos, depois que um portal de notícias do Guarujá, em São Paulo, divulgou que uma mulher estaria sequestrando crianças para usar em rituais de magia negra. Com base em um retrato falado de uma mulher, pensando ser Fabiane, os vizinhos a espancaram até a morte. Era uma notícia falsa e Fabiane foi vítima fatal.
No mundo político, o efeito mais evidente da força das fakenews se deu em 2016, com o processo eleitoral do mega empresário Donald Trump, para a Presidência dos Estados Unidos. Reportagens (DN, 2018) revelam que a Cambridge Analytica, empresa de Steve Bannon, o guru da extrema direita internacional, ajudou Trump a ganhar as eleições. De acordo com uma antiga funcionária da empresa, a estratégia consistiu do uso de plataformas digitais – Google, Snapchat, twitter, facebook e youtube – para direcionar mensagens nas redes sociais, de modo a favorecer Trump.
Também em 2016, a aprovação do Brexit – saída britânica – foi outro caso emblemático de uso de fakenews (El Pais, 2018). Trata-se do plebiscito realizado para consultar a população sobre a saída do Reino Unido, especialmente a Inglaterra, da União Europeia. Com o voto de parte do eleitorado, o “sim” ganhou por 51,9% dos votos, causando grande repercussão mundial. Neste caso, descobriu-se que a Cambridge Analytica disparou informações falsas segundo as quais o Reino Unido perdia milhões de dólares por semana, ao se manter na União Europeia (Descomplica, 2019). Um exemplo de disparo de uma notícia falsa na medida certa, para um grupo específico.
Fake news elegeram o bolsonarismo
No campo político, a jornalista Cláudia Croitor recordou que, quando Marielle Franco foi assassinada, começaram a circular na internet notícias de que ela teria sido casada com o traficante Marcinho VP e que tinha engravidado aos 16 anos. As mensagens pareciam querer justificar o bárbaro crime, falando à crença de determinadas pessoas que acham que a vereadora deveria mesmo “ser fuzilada no meio da rua”, como observa Croitor.
A jornalista relatou ainda que no dia que o ex-presidente Lula ia ser preso, um carro com quatro cubanos sofreu um acidente em estradas do Sul do país e todos morreram. Ao investigar o acidente, a polícia descobriu que eles tinham armas e bombas e que estavam indo para o Rio Grande do Sul, onde fica o TRF4, que julgou os recursos de Lula. A notícia dava a entender que seriam médicos cubanos que iriam atacar os responsáveis pela prisão do ex-presidente. No mundo invisível das redes sociais fechadas (whastapp) e abertas (facebook e twitter), essa fakenews foi disseminada milhões de vezes. Com a prisão de Lula, em 2018, e as fake newscontra o PT em franca expansão nas bolhas virtuais, o alvo passou a ser Fernando Haddad, que assumiu a candidatura do partido.
A agência de checagens Aos Fatos (2018) revela o esquema de notícias falsas que ajudaram a eleger Bolsonaro, afirmando: “De julho a outubro, Aos Fatos desmentiu 113 boatos sobre eleições que, somados, acumularam ao menos 3,84 milhões de compartilhamentos no Facebook e no Twitter. Apenas no fim de semana do segundo turno, Aos Fatos desmentiu 19 peças de desinformação que, ao todo, foram compartilhadas 290 mil vezes no Facebook.”
A agência elenca uma série de boatos, mostrando o total de disseminações nas redes. Ainda que subnotificados, os números revelam o volume de tração das fakenews. Por exemplo: o boato de que: “Urna está programada para autocompletar voto em Fernando Haddad”, teve 732,1 mil compartilhamentos. Por sua vez, o desmentido: “É falso que Haddad criou ‘kit gay’ para crianças de seis anos”, alcançou 400 mil compartilhamentos.
De acordo com a agência, entre o primeiro e o segundo turnos das eleições de 2018, os boatos mentirosos de maior tração foram: Kit gay atribuído a Haddad; suposto acordo secreto entre a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o PT; falsa capa da revista Veja, com foto de Joaquim Barbosa, ex-ministro do STF¸ pedindo aos eleitores e eleitoras que não votassem no PT e o boato de que urna eletrônica iria autocompletar votos em favor do candidato do PT.
Catalisada por um tweet do então deputado estadual, Flávio Bolsonaro, eleito senador naquele pleito, o boato sobre a urna aparece com 732,1 mil compartilhamentos, como já ressaltado. É intrigante também, o fato de a declaração de Joaquim Barbosa, de que teria votado em Haddad, ter trazido de volta às redes sociais, o boato sobre o juiz, como forma de desmentir o próprio eleitor.
O estudo mais relevante já feito sobre a disseminação de notícias falsas na internet revelou que as desinformações se espalham 70% mais rápido que as notícias verdadeiras, alcançando muito mais gente (IstoÉ, 2018). Publicado em 2018, na revista Science, o estudo realizado por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, analisou todas as postagens disseminadas no twitter, entre 2006 e 2017. Foram mais de 126 mil postagens, replicadas por cerca 3 milhões de pessoas.
Pelo estudo, “Cada postagem verdadeira atinge, em média, mil pessoas, enquanto as postagens falsas mais populares – aquelas que estão entre o 1% mais replicado – atingem de mil a 100 mil pessoas”(Idem). O estudo mostra que notícia falsa ligada à política, se alastra três vezes mais rapidamente.
Fazendo uma conexão entre o panorama exposto e as recentes revelações das investigações sobre as fakenews,não há mais como se esconder que a escolha de Bolsonaro para presidente da República e a ascensãode seus filhos a vagas parlamentares, nas eleições de 2018, são resultantes dessa prática criminosa. Dito claramente, a disseminação de fake News contra as candidaturas e partidos de esquerda,ajudou a eleger o Bolsonarismo.
Assunto inadiável para a agenda política brasileira, as fakenews são um instrumento voltado “a assassinar biografias, reputações e imagens de pessoas e instituições, com o fim de destruí-las”, como afirma a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT/PR), ela mesma vítima dos efeitos da boataria.Além de Gleisi, dos ex-presidentes Lula e Dilma e do PT, outras pessoas políticas foram vítimas desse instrumento criminoso, tais como a deputada federal Maria do Rosário; a deputada estadual Manuela D’Ávila (PC do B); e o ex-deputado federal Jean Wyllys(Psol).
Considerações finais
Assim são as fakenews. Disseminadas pelas redes sociais abertas e fechadas, tornam-se verdades, de difícil possibilidade de desmentidos. Entendendo a relevância deste debate, a Secretaria de Mulheres do PT/DF, cumpre mais uma etapa da série “Os impactos da pandemia do Covid-19 na vida das mulheres”, abordando estas vedetes do momento.
Enfrentar as fakenews requer um exército competente e disposto a ir à guerra, para garantir um ambiente em que notícia verdadeira tenha mais valor que boatos, desinformações e maledicências. O Poder Legislativo deu a largada, com a CPMI das Fake News, que já chegou à aprovação do PL das Fake News, ora tramitando na Câmara. Nós, mulheres do PT, precisamos lutar para que vire lei. Mas, desde já, destacamos que somos favoráveis ao aprofundamento do debate sobre tal projeto, pois, também queremos uma lei que não viole os direitos fundamentais de cidadãs e cidadãos – usuários e usuárias de plataformas digitais.
O PT também já está na guerra. Lançou em junho,a plataforma “Verdade na rede”, para monitorar a ação dos produtores e disseminadores de fakenews e orientar as pessoas interessadas, especialmente, da esquerda, a identificar e denunciar notícias falsas. Vamos à luta!
Edneide Arruda, comunicadora do Elas Por Elas, Secretaria de Mulheres do PT/DF
Referências
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Brasil, ElPais, 2018. https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/26/internacional/1522058765_703094.html. Acessado em 28.06.2020.
Congresso Em Foco, 2020, https://congressoemfoco.uol.com.br/tecnologia/facebook-remove-contas-ligadas-ao-psl-e-a-familia-bolsonaro/. Acessado em 09.07.2020.
Descomplica, 2019.https://descomplica.com.br/artigo/fake-news-significado-conceito-e-exemplos/66h/
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